sexta-feira, 15 de junho de 2007

um espaço por medir

de mim a ti paredes impossíveis e mudas

de mim a ti a velocidade de um soco rachando tijolos para deixar passar o uivo fresco da noite que medra do lado de lá da parede

de mim a ti cimento areia vidro água pó em desequilíbrio na linha branca que separa o frio do quente

de mim a ti um grito abafado tacteando a face rugosa e ímpia do lençol que cobre a mobília na casa de um morto

de mim a ti um bloco de mármore por talhar num país sem martelos

de mim a ti um risco um traço infinito a apagar-se nas extremidades

de mim a ti tu e eu de costas a contar os passos que faltam para ver quem será atingido

de mim a ti o refogado temperado a tiro de caçadeira que ferve na tinta que escorre de um bloco de notas esquecido à chuva

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