de mim a ti paredes impossíveis e mudas
de mim a ti a velocidade de um soco rachando tijolos para deixar passar o uivo fresco da noite que medra do lado de lá da parede
de mim a ti cimento areia vidro água pó em desequilíbrio na linha branca que separa o frio do quente
de mim a ti um grito abafado tacteando a face rugosa e ímpia do lençol que cobre a mobília na casa de um morto
de mim a ti um bloco de mármore por talhar num país sem martelos
de mim a ti um risco um traço infinito a apagar-se nas extremidades
de mim a ti tu e eu de costas a contar os passos que faltam para ver quem será atingido
de mim a ti o refogado temperado a tiro de caçadeira que ferve na tinta que escorre de um bloco de notas esquecido à chuva
Nenhum comentário:
Postar um comentário