segunda-feira, 1 de outubro de 2007
Mas,
Se eu tivesse algo para escrever, seria para ti. Seria para te dizer coisas, fazer sentir coisas ao saber que também eu as sinto e que o consigo provar. Se eu conseguisse prová-lo sem o sentir, também o faria, nem que fosse para mais tarde me arrepender. Se eu me arrependesse de fazer por ti a migalha do que sou, talvez pudesse sentir o que digo e o que escrevo. Se eu te escrevesse sempre que te sentes só, contigo e comigo que somos um só, único, só, sózinho, honraria a tua necessidade de me descrever no que escreves. Se tu não escrevesses descrevendo o que julgas ver, sentirias o que julgas sentir. Se eu conseguisse escrever o que sinto, seria pra te ver, a ti e a nós, numa forma inusitada e em significantes conteúdos: usaria todos os adjectivos que conheço e até inventaria verbos. Se num buraco suspenso como se fosse um sólido flutuante, me restasse algo para ser, ver, querer, nachar ou viver seria para gastar em ti. Se.
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