dantes não precisavas de um rosto, ou então nem queria que o tivesses
eras um sentimento que se caracterizava pela reflexão recíproca
como se só aí estivesses para acabar as minhas frases
e bastava
essa verdade
mas agora da verdade nada resta e pouco importa, pois a realidade vai pesando na iminência
a realidade
dois pontos
à minha frente ergue-se um muro de realidade, que clama por ser vencido
que me chama e cala os violinos e as guitarras que na minha cabeça tornavam tudo mais simples
à minha frente tu
nua
com a guarda em baixo, quase até a sorrir
e... hesitas uma vez mais
não esperava isso de uma pessoa nua
o silêncio das vozes é largamente compensado pelos golpes do corpo que desvendam mais pele
e já nao queres hesitar mais
queres dizer
como quem não pensa mas sente
tu avanças com receio que eu finja algo em mim
vens, e dizes
mesmo que eu não abra tanto os braços com tu talvez gostasses
páras e sabes que fizemos bem
os teus olhos a tua respiração o meu cabelo a minha respiração o teu cabelo os teus olhos os meus olhos os teus olhos os meus olhos
reconheço-te sempre que adivinho o que pensas
e é deitado com o orvalho a entrar pelo fundo das costas, mesmo que já tenha puxado a camisola para baixo não sei quantas vezes, que penso para mim
DESCOBRI EM TI A VONTADE DE PARTIR
PORRA
E AGORA?
depois finjo que me desiquilibro e salto da janela
e tu segues-me
sem rede
Um comentário:
sem rede... visita-me
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