quarta-feira, 18 de julho de 2007

como se o abismo fosse impossível de saltar e eu não quisesse saber

dantes não precisavas de um rosto, ou então nem queria que o tivesses

eras um sentimento que se caracterizava pela reflexão recíproca

como se só aí estivesses para acabar as minhas frases

e bastava

essa verdade

mas agora da verdade nada resta e pouco importa, pois a realidade vai pesando na iminência

a realidade

dois pontos

à minha frente ergue-se um muro de realidade, que clama por ser vencido

que me chama e cala os violinos e as guitarras que na minha cabeça tornavam tudo mais simples

à minha frente tu

nua

com a guarda em baixo, quase até a sorrir

e... hesitas uma vez mais

não esperava isso de uma pessoa nua

o silêncio das vozes é largamente compensado pelos golpes do corpo que desvendam mais pele

e já nao queres hesitar mais

queres dizer

como quem não pensa mas sente

tu avanças com receio que eu finja algo em mim

vens, e dizes

mesmo que eu não abra tanto os braços com tu talvez gostasses

páras e sabes que fizemos bem

os teus olhos a tua respiração o meu cabelo a minha respiração o teu cabelo os teus olhos os meus olhos os teus olhos os meus olhos

reconheço-te sempre que adivinho o que pensas

e é deitado com o orvalho a entrar pelo fundo das costas, mesmo que já tenha puxado a camisola para baixo não sei quantas vezes, que penso para mim

DESCOBRI EM TI A VONTADE DE PARTIR
PORRA
E AGORA?

depois finjo que me desiquilibro e salto da janela

e tu segues-me

sem rede

Um comentário:

Miguel Patrício disse...

sem rede... visita-me
www.quantosdiasnosfaltam.blogspot.com