domingo, 22 de julho de 2007

Vale (a preencher)

Os horóscopos não sabem nada
sabem tudo.
Os horóscopos conhecem-nos
porque já nos viram juntos.
Nos seus mapas as horas a que
o braço se ergue em ferro
para o seu ferro.
Os horóscopos são portões
enferrujados pela força da tua saliva
a correr de encontro à minha
para logo depois correr com ela
para logo depois descobrir a inutilidade da meta.
Corramos em círculos
corramos todo o nosso correr.
Os nossos pés foram feitos para isto.
Corramos corramos
fio da navalha fora.
Se tropeçares
vê lá se cais com os dois pés
do mesmo lado.
Não te magoes
que não sei onde é o hospital.
Nunca lá fui.
Vamos
anda com cuidado
que se lá fui
é como se nunca lá tivesse ido
e não quero lá voltar.
Anda dá-me a mão
que também não consigo equilibrar-me.
Não vale empurrar.
Não vale fazer-me rir.
Não vale isto não ser a valer.
Vamos atravessar este fio
e esquecer que não sabemos

o que está na outra ponta.
A isso a isso
que o sangue chama.
Não vale nada.
Só o que quisermos.
Vale tudo.

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